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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Projeto "Vestígios de uma vida".


 

VESTÍGIOS DE UMA VIDA

REFLEXÕES SOBRE A MORTE NA ARTE

 

                                                                                  CAVALCANTI,Catia Marlova[1]                                                                                                               BRAVO, Simone[2]

        FERNANDES, Luciano Machado[3]

MELLO, Jaiana Regina[4]

         MENGUE, Elaine[5]

 

    BERTANI, Caroline[6]

                                                                                           PAVANI, Andrea Regina[7]

 

RESUMO

 

Com o objetivo de oportunizar a participação dos alunos em um processo de elaboração e criação artística, o presente trabalho insere o fazer plástico dos alunos do Ensino Fundamental na obra da artista plástica Cátia Cavalcanti.

Conhecendo a trajetória da artista e identificando o tema proposto com a realidade em que os alunos estão inseridos, integramos o fazer com reflexões do cotidiano. O tema proposto Morte, sempre velado no ambiente da escola, vem através do trabalho romper barreiras de preconceito e dominância das relações de poder que ocorrem na periferia. Apresenta-se o fazer, tendo como base a "Pedagogia Triangular" de Ana Mãe Barbosa[8], onde realizamos uma contextualização entre a leitura do mundo em que os alunos se inserem, o fazer partindo desta leitura, e a integração deste fazer na participação e elaboração da obra de arte: Vestígios de uma Vida, da artista Cátia Cavalcanti.

 

PALAVRAS – CHAVE:  Morte. Vestígios. História. Cultura. Apropriação. Autoria da obra de arte. Representação plástica. Dança.

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

 

O trabalho VESTIGIOS DE UMA VIDA, desenvolvido nas oficinas de arte oferecidas aos alunos do ensino fundamental, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Eugênio Nelson Ritzel, em parceria com a Universidade Feevale, dentro do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência - PIBID – Artes Visuais, busca apresentar a aplicação prática da "Proposta TRIANGULAR[9] ", no fazer artístico dos alunos.

A parceria para desenvolvimento deste trabalho, ocorreu quando o tema proposto: MORTE veio de encontro a realidade do cotidiano em que a escola se insere, situada em uma região de periferia, com carências múltiplas, onde a convivência  com a morte muitas vezes trágicas e estas ausências fazem parte do ambiente escolar. O tema sempre velado, principalmente pelas relações de poder imposta pela sociedade em que os alunos vivem, era quase que estabelecido como um tabu dentro da escola.

A proposta de participação dos alunos, dentro da obra apresentada pela artista plástica Catia Cavalcanti, trouxe para as oficinas o rompimento destas barreiras em relação ao tema, um resgate histórico favorecendo a ampliação do conhecimento cultural destes alunos, uma vez que a informação recebida pelos mesmos é manipulada pela mídia e o contato com o fazer artístico, trazendo reflexões sobre a AUTORIA da obra de arte e a APROPRIAÇÂO de imagens simbólicas (CAIXÕES).

Muitas são as reflexões a serem desenvolvidas dentro deste trabalho, apresentaremos

parte da pesquisa qualitativa, onde coletamos dados da vida cotidiana dos alunos, o resgate histórico através do conhecimento de celebridades mundiais, o fazer dentro da obra de arte e as reflexões através de relatos das aulas ministradas nas oficinas do PIBID- ARTES.

 

PALAVRAS – CHAVE:  Morte. Vestígios. História. Cultura. Apropriação. Autoria da obra de arte. Representação plástica. Dança.

 

 

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Segundo Áries (1975)[10]:

 " A partir do Século XVII começou-se a questionar a coexistência dos vivos e dos mortos,  e são percebidos sinais de intolerância com os mortos. Esta intolerância, caracterizada sobretudo pela não discussão do tema morte, segundo o historiador francês, não se fez presente no discurso literário e na expressão artística, que, ao contrário, muito bebeu do assunto."

 

Entendendo a importância de um trabalho aprofundado sobre o tema e buscando na arte o rompimento de barreiras, preconceitos, e favorecimento da  escuta dos alunos inseridos em um ambiente de extrema violência e realização de reflexões sobre o cotidiano, desenvolvemos no espaço da arte um lugar para tratar de um assunto velado nos bancos escolares. Trazer para a sala de aula as diversas formas de ver a morte, representadas historicamente na arte, e buscar através destas vivências as manifestações artísticas dos alunos é tratar e refletir sobre a ESTESIA[11] e CINESTESIA[12], podendo analisar o fazer artístico partindo dos movimentos e influências que o meio e a proposta de trabalho exercem sobre a transformação no fazer, fruição e inspiração.

Segundo a artista Cátia Cavalcanti, "no projeto Vestígios de uma Vida, levamos a pesquisa biográfica de personalidades históricas e também pessoas da vida dos integrantes do fazer artístico, exercendo o pensamento nos que se foram e o repensar da sua importância." Neste resgate histórico das personalidades, trazemos para o conhecimento dos alunos uma CULTURA ELITIZADA, ou seja, a mídia de acesso da periferia filtra muitos aspectos culturais e históricos fazendo com que os alunos sejam afastados culturalmente da sociedade formal e cultural. Com este trabalho, ampliamos o conhecimento cultural dos alunos e os apropriamos de relações históricas comuns da sociedade ( resgate histórico).

            A apropriação de um símbolo (caixão), para representação do fazer artístico, também faz um paralelo reflexivo a ser desenvolvido no projeto, entre o BELO, SIMBÓLICO e a ARTE, muito utilizado na POP ART. Segundo a Enciclopédia de artes Visuais do Itaú Cultal[13]:

"A arte pop de Richard Hamilton, Rauschenberg, Jasper Johns, entre outros, concede nova importância aos objetos comuns e à vida ordinária, numa tentativa de comunicação direta com o público por meio de signos e símbolos retirados do imaginário que cerca a cultura de massa e a vida cotidiana"

 

A definição do trabalho segundo a própria artista Catia Cavalcanti, nos refere:

 

"No ciclo da vida somos todos iguais, mas nossa trajetória nos torna diferentes. A Morte nos iguala, então a conscientização que a vida nos ensina de todas as formas e que deve ser vivida intensamente e na arte a possibilidade de representação da saudade , realçando e trazendo de forma exploratória o resgate de pessoas esquecidas historicamente e a quebra da velação deste tema, revela a idéia geradora da obra"

 

Todo trabalho apresentado é uma experiência prática do ensino da arte baseado na Proposta TRIANGULAR de Ana Mae Barbosa, segundo ela:

 

 “Arte/Educação é todo e qualquer trabalho consciente para desenvolver a relação de públicos (crianças, comunidades, idosos, etc.) com a arte, como em um diálogo em que um está dentro do outro. Segundo a autora: a contrução dos conhecimentos em Arte, acontece na contextualização histórica (conhecer a sua contextualização histórica); no fazer artístico (fazer arte); na apreciação artística (saber ler uma obra de arte), transformando o fazer em REENCANTAMENTO."[14]

 

OBJETIVOS

 

Baseados na Pedagogia Triangular, refletir sobre a realidade (relacionando conceitos de AUSÊNCIA, MORTE),  estabelecer relações históricos biográficas e transformar as reflexões e os conhecimentos adquiridos em fazer artístico.

Participar da elaboração, criação, desenvolvimento do fazer, e exposição da obra de arte VESTIGIOS DE UMA VIDA da artista Cátia Cavalcanti.

Conhecer o real significado da AUTORIA na obra de arte, participando do trabalho: VESTIGIOS DE UMA VIDA, da artista Catia Cavalcanti, onde os alunos se colocam no lugar de coautores da obra. Trabalhar as questões relacionadas com a idéia geradora e a autoria da obra de arte, relacionando com os conceitos da POP ART.

Estudar o conceito de APROPRIAÇÂO, no uso de um símbolo( caixão) e a sua transformação em arte como suporte do trabalho.

Conhecer os conceitos de Estesia e Cinestesia, analisando as influências da realidade dos alunos, do tema proposto e dos relatos sobre as experiências individuais em relação á morte nas produções artísticas.

Ampliar os conhecimentos culturais, através das pesquisas biográficas desenvolvidas pelos alunos.

 

METODOLOGIA

O trabalho apresentado, é parte do desenvolvimento da pesquisa qualitativa exploratória, cujo significado, segundo Tabor[15],: “(...) aquela realizada em áreas sobre problemas dos quais há escasso ou nenhum conhecimento acumulado e sistematizado. Pela natureza de sondagem, não parte de hipóteses. Estas poderão surgir como produto final de pesquisa.”  A Pesquisa é realizada na comunidade escolar da E.M.E.F. Eugênio Nelson Ritzel, situada no bairro São José – Kephas, na cidade de Novo Hamburgo, e aplicada de forma prática dentro das oficinas de artes desenvolvidas pelo PIBID de Artes, em parceria com a Universidade FEEVALE.

Todo o projeto busca uma reflexão do fazer artístico dos alunos, dentro da elaboração da obra VESTIGIOS DE UMA VIDA, da artista Cátia Cavalcanti. O desenvolvimento das aulas oferecidas nas oficinas do PIBID – Artes, baseia-se na metodologia da Proposta TRIANGULAR .

 

RESULTADOS

 

Por se tratar de um trabalho em andamento, a pesquisa se encontra em fase de desenvolvimento, sendo o relato verbal das experiências dos alunos a principal forma de coleta de dados para desenvolvimento dos trabalhos propostos. Nesta coleta de dados, registramos as falas dos alunos relacionadas com a realidade em que estão inseridos e o tema MORTE. Nestes registros, surgiu o conceito de ausência, pois na sociedade atual, as famílias cujo modelo( pai, mãe, filhos), quase não existe, e os alunos convivem com estes sentimentos desde muito cedo.

Todos os integrantes do projeto de pesquisa, se apropriaram de conceitos relacionados a ARTE como forma de esclarecimento da proposta da artista plástica Catia Cavalcanti, também se utilizando do registro biográfico e visualização das suas obras onde  desenvolve suas obras no conceito de OBJETO e REPETIÇÕES. Todas as aulas ministradas nas oficinas do PIBID, desenvolvem o fazer artístico dos alunos relacionados com o tema, através da ornamentação de caixões partindo da pesquisa biográfica das celebridades que fizeram parte da historia mundial e a caracterização das pessoas que fizeram parte da história pessoal dos integrantes do grupo em estudo. Estes trabalhos artísticos individuais vão compondo a obra final da artista, que será exposta em locais que valorizam a arte( galerias, museus e locais públicos diversos).

Busca-se também, ofertar aos alunos o contato com diversas representações sobre o tema, desde as formas mais densas (mortes, assassinatos, acidentes fatais), até mesmo a representação de uma forma lúdica, utilizando o desenho animado como fonte de inspiração. Os trabalhos desenvolvidos utilizam-se da representação gráfica, para caracterizar o tema proposto e a musica para oportunizar as manifestações dos sentimentos através do corpo em movimento.

 

DISCUSSÕES

 

Ao tratar sobre o tema MORTE, podemos identificar claramente um preconceito social sobre o assunto, e apresentar o mesmo em um projeto de arte ( que busca uma associação com a estética e com o belo, dentro da maioria das escolas), é romper com conceitos históricos, sociais que o tema nos propõe. Abrir espaço para este diálogo entre a arte, o tema proposto e os indivíduos que fazem parte deste meio, é oportunizar uma reflexão do papel da arte no meio escolar, principalmente nas escolas inseridas em meios violentos.

"A morte, como força da natureza está presente em todos os tempos, e as diferenças de relações com esse fato eminente podem ser observadas a partir da cultura de cada povo. Os ocidentais tratam hoje a morte como tabu, não mais o sexo. A melancolia trazida pela presença da morte faz com que o homem a veja como um mal, tentando não pensar nela e no quanto ela é inerente a vida. Torna-se um assunto a ser evitado, quase obsceno".( GALESCO, Mirna.2011).[16]

 

O desenvolvimento deste tema dentro das oficinas de arte, busca um entendimento sobre a transformação das relações entre o indivíduo e o meio, e a produção artística deste indivíduo.

 "(...) os labirintos da mente humana, capazes de abrigar as mais diferentes formas de pensamentos e acenar para a humanidade com possibilidades infinitas, diante de um tema que ao ser evitado não se torna desencantado, muito pelo contrário. Leva todos os seres a refletirem e buscarem os sentidos particulares que suas existências e a morte têm para cada um. Trata-se do destino certo, tal qual a luta pela vida. Torna-se a pergunta sem resposta que a arte e a esperança humana vão tentar trazer em suas mais profundas expressões. Pois é onde a Morte se torna bela, na Arte. ".( GALESCO, Mirna.2011).[17]

 

 


CONSIDERÇÕES FINAIS

 

O presente trabalho servirá de embasamento teórico para o projeto VESTÍGIOS DE UMA VIDA, da artista plástica Cátia Cavalcanti, com a colaboração dos acadêmicos do curso de Artes Visuais, buscando o estudo e aprofundamento dos conceitos apresentados neste trabalho.

O desdobramento deste projeto, através dos vestígios das vidas e ausências, será desenvolvido e aprofundado no trabalho final de Pós Graduação do curso de Arte Educação, da acadêmica Andrea Regina Pavani.



[1] Artista Plástica, acadêmica do curso de Artes Visuais e do Projeto PIBID ARTES FEEVALE
[2] Acadêmica do curso de Artes Visuais e do Projeto PIBID ARTES FEEVALE
[3] Acadêmico do curso de Artes Visuais e do Projeto PIBID ARTES FEEVALE
[4] Acadêmica do curso de Artes Visuais e do Projeto PIBID ARTES FEEVALE
[5] Acadêmica do curso de Artes Visuais e do Projeto PIBID ARTES FEEVALE
[6] Mestre em Arte Educação, Professora e coordenadora do Projeto PIBID Artes Visuais FEEVALE.                                
[7] Professora e Supervisora do projeto PIBID Artes na E. M. E. F. Eugênio Nelson Ritzel, estudante do Curso de Pós graduação Arte Educação FEEVALE
[8] Doutora em Arte Educação, Professora do departamento de Artes Plásticas da ECA/USP e ex-diretora do MAC,  presidente do International Society of Education through Art (InSea).
[9] BARBOSA, Ana Mae, Texto de referência. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3182
 
[10] ARIÉS, Philippe. História da Morte no Ocidente. 1 ed. Ediouro-Sinergia, 2003.
[11] KRUG, Rosana. Hibridismo e Estesia no Livro de Artista.Uma reflexão entre arte e Semiótica.p. 5. (http://www.ufrgs.br/gearte/artigos/artigo_rosanakrug01.pdf)
_texto&cd_verbete=3182. Acesso em: 05 de outubro de 2013.
 
[15] (Tabor; Yalour, 2001, p.69).
[16] GALESCO, MIRNA. Resumo e Comentário: A história da Morte no Ocidente. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/resumo-e-comentario-a-historia-da-morte-no-ocidente-mirna-galesco/57245. Acesso em 05 de outubro de 2013.
[17] GALESCO, MIRNA. Resumo e Comentário: A história da Morte no Ocidente. Disponível em: http://www.webartigos.com/artigos/resumo-e-comentario-a-historia-da-morte-no-ocidente-mirna-galesco/57245. Acesso em 05 de outubro de 2013.

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